Oxalá – também é conhecido como Orinxalá, Orixalá, Obatalá, Oxaguiã e Oxalufã – é o primeiro Orixá criado por Olodumaré, o Deus Supremo. A Oxalá é dada a alcunha de senhor dos Orixás, sendo representado como o maior de todos os Orixás.

Em uma das lendas yorubás, encontramos Olodumaré dando a ordem para Oxalá construir o mundo. Para isso, Olodumaré lhe entregou um saco chamado Saco da Criação, que continha todos os ingredientes necessários para criar a Terra. Contudo, ludibriado por Exu, Oxalá se embriaga de vinho de palma e acaba adormecendo em sono profundo. Ododuá, outro orixá da mitologia yorubana, ao perceber a situação de seu irmão, se apropria do saco da criação e por si só faz toda a terra. Oxalá envergonhado com o que havia ocorrido, corre até Olodumaré, reconhecendo seus erros. Esse, com sua benevolência e misericórdia, perdoa o  Orixá do Branco e lhe concede a tarefa de criar o homem, contudo a partir desse episódio, Oxalá estava proibido de ingerir bebidas alcoólicas. Essa é a razão dos filhos desse orixá, não poderem beber nada que contenha álcool.

Há na mitologia Yorubá também a consideração de que Oxalá e Ododuá eram um casal, sendo a dualidade homem-mulher, masculino-feminino, passivo-ativo, positivo-negativo, etc. Ododuá seria a representação da deusa mãe e Oxalá do deus pai. Muito comum nos mitos pagãos. Há também o heroí Ododuá, da cidade de Ifé, que seria um avatar, da deusa Ododuá. Porém, não vamos nos estender nisso.

A criação do homem foi outra tarefa que deu muito trabalho para Oxalá, tendo experimentado diversas matérias-primas, nunca conseguia acertar. Ora, o ser humano ficava muito mole, se desfazendo. Ora, ele ficava rígido demais, se partindo. Oxalá então consternado, procurou o aconselhamento de Nanã Burukê, pois a anciã era tida como sábia e muito antiga. Nanã ouviu toda a lamúria de Oxalá, então decidiu-se por ajudá-lo, enfiou a mão dentro de um lago e retirou a lama do fundo do mesmo. Deu a Oxalá, para que ele moldasse o homem. Assim foi feito e ficou perfeito! Porém, Nanã colocou um termo nesse acordo, ela cederia a lama para a construção do homem, porém depois que o sopro vital de Olodumaré se extinguisse, a lama deveria voltar para seu local de origem. Encontramos algo semelhante na bíblia cristã com a citação: “Do pó viestes, ao pó voltarás!”.

Então, com a figura masculina e feminina moldada, Oxalá as entrega para que Olodumaré sopre-lhes vida. Dando origem aos seres humanos.

Uma das características mais marcantes de Oxalá é sua paciência, porém em certos aspectos pode ser muito teimoso. Foi Oxalá também que concedeu a Exu, a primazia nas oferendas. É dito que todos iam até Oxalá, para pedir favores e aconselhamento. Contudo, por causa do grande movimento, Oxalá não conseguia trabalhar, então decidiu colocar Exu em uma encruzilhada, no caminho da sua casa. Todos que passassem por lá, deveriam entregar as oferendas e presentes para Exu, assim só ele poderia levar até Oxalá. Oxalá reconheceu Exu, pelo enorme trabalho que esse tinha e decidiu que todos deveriam primeiro presentear Exu, antes de Oxalá.

Nessa lenda vemos a situação da dualidade, ninguém chega a ordem antes de passar pelo caos ou até mesmo, que não existe luz sem trevas, não existe criação sem entropia. As lendas tem em sua simplicidade, ensinamentos muito profundos.

Na África é considerado um dos Orixás Funfun (branco), grupo de orixás que são dados como criadores da vida e do universo. Dentro da tradição, os filhos de Oxalá assim como o próprio, não podem beber nada que seja alcoólico. Assim como as comidas oferecidas a esse orixá, não podem conter sal ou azeite-de-dendê. Também é dito que não devem se alimentar de carne de galinha-de-angola, e aqui no Brasil, de galinha e frango.

Uma curiosidade é que os filhos de Oxalá, não devem comer carnes vermelhas ou de outras espécie na sexta-feira, com exceção de peixes. Assim, surgiu dentro do costume dos restaurantes de servir peixe as sextas-feiras, no cardápio comercial.

Na Umbanda Oxalá é sincretizado com o Jesus Cristo, o mestre nazareno que nos trouxe ensinamentos de paz e amor. Representa a paz e a pureza espiritual. É a ascensão última do ser humano, em busca de Deus e da perfeição. Também é o regente da primeira das sete linhas de Umbanda tradicional. Muitos espíritos de frades, freiras e padres se manifestam nessa linha, assim como pretos-velhos e pretas-velhas. Ainda podemos encontrar, as almas santas, soldados de fé, Espíritos de Santos e Espíritos Puros Elevados.

Oxalá – Projeto Releitura Indígena

Oxalá, usualmente, não se manifesta incorporado. Essa característica se estende a grande parte dos Espíritos que trabalham sobre sua irradiação. Porém, eles atuam nos bastidores, em grupos de oração e em todo local que estiverem comungando o pensamento de fé e paz. Lembrando bastante as palavras de Jesus: “Quando dois ou mais estiverem reunidos em meu nome. Lá também estarei eu”. 

Eu caracterizo a presença da falange dos pretos e pretas-velhos dentro dessa linha pela questão da ancestralidade. A figura clássica de Oxalá, mostra um senhor, com toda paciência, encurvado e de tês negra. Nada mais próximo do que a representação com esse orixá, contudo isso não implica que os pretos e pretas-velhas não possam trabalhar sobre a irradiação, ou até mesmo cruzados, com a energia dos outros orixás. Alguns umbandistas tradicionais os colocam na sétima linha, das almas e dos santos, que fica sobre a égide de Omolu.

Dentro das suas características, Oxalá carrega a cor branca e irradia no elemento éter. Seu axé pode ser encontrado nos minerais brancos e transparentes, como o quartzo ou cristal de rocha. Seus domínio são a fé, a crença, a religiosidade, a pureza e o amor divino. Pode ser simbolizado pela cruz, pelo pombo branco, pelo peixe e pela estrela de 5 pontas. Saudamos a suas forças com a expressão: “Epa Babá Oxalá!” ou em alguns terreiros mais tradicionais com “Atotô Abaluayê!”, que significa: eu me coloco em silêncio diante do Senhor da Terra.

Para fazer uma oferenda para Oxalá, podemos usar de velas brancas, fitas brancas, flores brancas e frutas brancas; mas a comida tradicional é a canjica branca. Comemora-se o dia de Oxalá, pelo sincretismo, conjuntamente com o Natal. Data reservada pela tradição cristã como o nascimento de Jesus. Jesus é a figura do próprio Oxalá encarnado, nenhum outro orixá é tão bem representando quanto esse pela figura fraterna e carismática de Jesus, o Nazareno.

Oxalá é o grande pai e por isso sempre deve ser representado nos altares acima dos demais Orixás, sem Oxalá não se faz Umbanda, sem Jesus não se faz Umbanda! Saravá meu pai Oxalá!

Firmeza para fortalecimento da Fé na força de Oxalá

Encha um copo de vidro transparente com água mineral e acenda uma vela branca na frente do mesmo. Faça uma oração de coração, faça suas súplicas para restauração da fé ou peça paz espiritual. Finalize com um pai nosso, deixe a vela queimar. Jogue a água em um vaso de planta ou na terra.

Água benta na força de Oxalá

Você pode benzer qualquer tipo de água na força de Oxalá, esteja em garrafa, copo ou na panela. Preferencialmente, pede-se para evitar os recipientes plásticos, mas na falta de outra forma de acondicionar a água, use o plástico mesmo. A água benta pode ser usada para diversos fins, tais como: banhos de purificação, para beber, para fazer comida e para regar as plantas. Tradicionalmente a água consagrada a Oxalá é a de fonte ou a água mineral, contudo, na falta destas, use a água da torneira mesmo. Se for utilizar água de um local natural, por questão de assepsia e higiene, recomenda-se fervê-la antes do procedimento de benzimento. Faça sempre o procedimento com a água em temperatura ambiente, ou seja, espere esfriar se você ferveu ou espere ficar a temperatura do ambiente se você a guardou na geladeira. Vamos ao procedimento.

Se tiver usando uma garrafa ou um recipiente com tampa, abra a tampa e deixe-a de lado. Posicione suas mãos espalmadas em direção ao recipiente com água, de preferência na abertura do mesmo. Respire fundo por três vezes, expirando devagar. Repita o benzimento:

“Em nome de Deus, clamo a meu pai Oxalá, para que vossos eflúvios divinos possam recair nessa água cristalina, trazendo para ela as energias de paz, pureza e que ela sirva para purificar e refrigerar meu corpo e alma. Que seja esta água cruzada (Faça o sinal da cruz por três vezes sobre a água) em nome de Deus, de Nosso Senhor Jesus Cristo e do Espírito Santo de Deus. Amém”.

Reze 1 Pai-Nosso e cruze novamente três vezes.

Pronto! Sua água está benzida e você poderá usá-la como melhor lhe convir. Pode armazená-la na geladeira, brevemente ou mesmo fervê-la para fazer alimentos, chás e banhos.

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