Essa semana uma polêmica se fez em um grupo sobre espiritualidade no Facebook. Não vou divulgar o grupo, pois não tenho interesse algum em denegrir nada, mas me fez refletir sobre o preparo dos que querem trilhar sendas espirituais como a Umbanda e o Espiritismo.

O texto que segue abaixo no post foi colocado com o intuito de trazer ao debate um grupo onde fica evidente a falta de conhecimento doutrinário e das bases da doutrina Espírita. Apesar de eu, hoje, não ser espírita, tenho em minha vida a experiência de ter trilhado esse caminho e feito parte do espiritismo, porém meu caminho era determinado em outra vertente espiritualista. Tenho profundo respeito pelo espiritismo e admiração pela base que me deu para persistir em estudar e usar sempre minha razão acima de tudo.

O reflexo desse texto foram ambíguos. Apesar de ter recebido muitos “likes” e comentários de apoio e concordância, também recebi alguns não muito amistosos. Via-se claramente a animosidade e agressão nos mesmos. Eu sabendo que o conteúdo textual era polêmico não me melindrei, mas me trouxe ao pensamento como ainda estamos longe da lição crística. Por fim, fui amordaçado em tal grupo e minhas publicações estão vetadas. Fui chamado a atenção pela minha “conduta de gerador de intrigas” pela própria dona do grupo, a mesma que diz que não irá jamais estudar a doutrina ou muito menos fazer os cursos que os centros espíritas (gratuitamente) dispõe, pois são 5 anos! E se pode aprender com romances e palestras (sic).

Deixo o texto abaixo para a reflexão dos leitores desse blog, sem a intenção de criar polêmica mas de trazer a reflexão, como era desde o princípio.

Vamos polemizar?
Você é espírita? Tem certeza?

Então, você terminou de ler alguns romances espíritas e se maravilhou por todas as informações e conhecimentos novos adquiridos. Familiarizou-se com as questões do karma, das leis invisíveis, dos processos obsessivos e da comunicação com o existente plano espiritual. Para todos seus amigos você diz que é, então, espírita. Desculpa eu discordar, mas você não pode ser assim chamado.

O espírita não é feito de romance, eles são apenas a ferramenta para a introdução dos iniciantes na seara espírita. Muitas vezes também são liberados textos do astral como romances para introduzir um novo conceito – antes não explicado – de forma didática e ilustrada.

Mas privar-se de todo conteúdo do espiritismo para se fechar em romances não te fará um espírita. Para ser espírita é necessário mais que a Crença cega. Allan Kardec deixa isso claro quando diz: “Fé inabalável só a é a que encara a razão face a face em todas as eras da humanidade.”. Então, será que lendo apenas romances estamos exercendo essa fé raciocinada? Não, não estamos.

Acreditamos piamente no que está escrito naquele livro, transcorrendo isso da migração de antigos católicos as linhas do espiritismo. Trazem assim consigo toda a carga de dogmas e ritualísticas pertinentes a essa antiga religião. O que o padre diz e tá na bíblia eu aceito. Não é assim com a doutrina dos espíritos, que te convida a todo o momento a exercer a sua racionalidade através do discernimento.

Frequentar um centro espírita também faz parte das atribuições para ser um espírita. Não existe espírita sem egrégora, logo uma casa para reunir-se é importante, para ir além do evangelho no lar. Na Casa Espírita tem a estrutura caritativa e de assistência através de: Aconselhamentos, Palestras, Passes e Ações Sociais. Não adianta ler e instruí-se e não sair para praticar a caridade. Parafraseando Kardec: “Fora da Caridade não há salvação.”.

E ainda, para te fazer um espírita, é necessário fazer parte dos cursos de instrução – gratuitos sempre – como iniciação ao espiritismo, aprendizes do evangelho, livro dos espíritos em estudo, educação mediúnica, etc. Se puder ainda compor o corpo de trabalhadores da casa, mesmo que sem a instrução necessária, você pode ajudar: ficando no bazar, na livraria, na organização dos visitantes nas salas de passe, na faxina, na organização após os trabalhos e etc.

Vê como ainda muitos que se dizem espíritas não os são? Falta muito para isso? Não, apenas boa vontade.

E ainda deixo uma parábola de Jesus. São palavras para reflexão, que transitam nas mentes em inércia e obscurecimento, mesmo achando-se arvoredo saudável e frugal. Sempre dizem que darão frutos, mas nunca os dão. Acompanhe a parábola de Jesus e o raciocínio do Codificador do Espiritismo.

Parábola da Figueira Seca
8 – E ao outro dia, como saíssem de Betânia, teve fome. E tendo visto ao longe uma figueira, foi lá a ver se acharia nela alguma coisa; e quando chegou a ela, nada achou, senão folhas, porque não era tempo de figos. E falando-lhe disse: Nunca jamais coma alguém fruto de ti para sempre; o que os discípulos ouviram. E no outro dia pela manhã, ao passarem pela figueira, viram que ela estava seca até as raízes. Então, lembrando Pedro, disse para Jesus: Olha, Mestre, como secou a figueira que tu amaldiçoaste. E respondendo Jesus, lhes disse: Tende fé em Deus. Em verdade vos afirmo que todo o que disse a este monte: Tira-te daí e lança-te ao mar, e isto sem hesitar no seu coração, mas tendo fé de que tudo o que disser sucederá, ele o verá cumprir assim. (Marcos, XI: 12-14 e 20-23).

9 – A figueira seca é o símbolo das pessoas que apenas aparentam o bem, mas na realidade nada produzem de bom: dos oradores que possuem mais brilho do que solidez, dotados do verniz das palavras de maneira que estas agradam aos ouvidos; mas, quando as analisamos, nada revelam de substancial para o coração; e, quando as acabamos de ouvir, perguntamos que proveito tivemos.

É também o símbolo de todas as pessoas que podem ser úteis e não o são; de todas as utopias, de todos os sistemas vazios, de todas as doutrinas sem bases sólidas. O que falta, na maioria das vezes, é a verdadeira fé, a fé realmente fecunda, a fé que comove as fibras do coração, em uma palavra, a fé que transporta montanhas. São árvores frondosas, mas sem frutos, e é por isso que Jesus as condena a esterilidade, pois dia virá em que ficarão secas até à raiz. Isso quer dizer que todos os sistemas, todas as doutrinas que não produziram nenhum bem para a humanidade, serão reduzidas a nada; e que todos os homens voluntariamente inúteis, que não se utilizaram os recursos de que estavam dotados, serão tratados como a figueira seca.

10 – Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos. Suprem o organismo material que falta a estes, para nos transmitirem as suas instruções. Eis porque são dotados de faculdades para esse fim. Nestes tempos de renovação social, desempenham uma missão especial: são como árvores que devem dispensar o alimento espiritual aos seus irmãos. Por isso, multiplicam-se, de maneira a que o alimento seja abundante. Espalham-se por toda parte, em todos os países, em todas as classes sociais, entre os ricos e os pobres, os grandes e os pequenos, a fim de que em parte alguma haja deserdados, e para provar aos homens que todos são chamados. Mas se eles desviam de seu fim providencial a faculdade preciosa que lhes foi concedida, se a colocam a serviço de coisas fúteis e prejudiciais, ou dos interesses mundanos; se, em vez de frutos salutares, dão maus frutos; se se recusam a torná-la proveitosa para os outros; se nem mesmo para si tiram os proveitos da melhoria própria, então se assemelham à figueira estéril. Deus,então, lhe retirará um dom que se tornou inútil entre as suas mãos; a semente que não souberam semear; e os deixará tornarem-se presas dos maus Espíritos.

Evangelho Segundo o Espiritismo por Allan Kardec.

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