Quem não conhece aquela máxima: “Política, Futebol e religião não se discutem”?

 Creio que a maioria já ouviu isto uma vez ou outra na vida. A questão é que esta máxima é uma inverdade. Algo criado para manipular a massa, deixando-a inoperante.

Devemos sim, discutir esses e outros assuntos sempre, porém com ressalvas. Discussão não quer dizer briga ou oposição sempre, mas debate ou desdobramento de conversas.

Quando começamos a discutir algo passamos por um processo onde aplicamos o discernimento que nos é próprio – e exercitando o mesmo no processo – e começamos a raciocinar melhor, mais rápido e também a aprender se posicionar e defender estas posições.

Dentro deste processo, a divulgação por meio de livros, revistas, blogs, workshops, programas de rádio e podcasts são essenciais. Ainda mais em se tratando de Umbanda, que é uma religião tão plural. Ainda não conseguimos definir exatamente o que seria Umbanda, mesmo com tudo que se publicou sobre o assunto.

Neste processo de debate e discussão não devemos acreditar que somos os detentores da verdade absoluta. Várias pessoas com pensamentos diferentes podem chegar a um consenso ou mesmo divergirem completamente e ainda assim todas estarão defendendo seus pontos de vistas e suas verdades pessoais. Porém, sem perder a ternura no processo de comunicação.

Claro, que nem sempre iremos receber o que queremos em troca, ou seja: elogios, exaltações a perfeição de uma obra e tapinhas nas costas. Podemos – e devemos – receber muitas críticas.

Destas pegamos as que nos são benéficas e descartamos aquelas que nos são prejudiciais. Mas, atente-se aqui ao fato de que nem tudo aquilo que faz bem pro meu ego, de fato é uma boa crítica ou uma crítica benéfica.

Precisamos aprender a aceitar essas divergências e principalmente a aceitar o contraponto.

Desde que comecei o blog lá em meados de 2011 eu recebo bastante feedback dos leitores, tanto elogiosos, quanto alguns bem mal-educados. Sabe o que faço? Eu reflito…

Pode ser que alguém ali em um momento de fúria com a minha exposição sempre ácida e sarcástica tenha ficado ofendido, mas pode ser – ainda mais – que dentro daquela raiva toda ou daquela crítica ferina ele tenha razão.

 Nesse momento paro para pensar, passo a crítica para minha esposa – que também é conselheira e consultora científica do blog – e para alguns amigos próximos.

Nem sempre o processo de aceitação é fácil, tenho que ser honesto. Mas, depois de passada aquela “facada na ponta do estômago”, reflito melhor e tento absorver o que tem de melhor ali dentro.

Isso só colabora para meu processo de aprendizado dentro da seara espiritualista, que não ocorre só enquanto fechado num templo.

Justamente por isso que temos vários meios de divulgação e debates – muitos contrários a visão ortodoxa que se promulga por aí – para atingir diversos públicos. Seja lá no canal do YouTube, nos textos do Blog ou até mesmo no podcast Papo na Encruza, nós tentamos trazer o contraponto sempre.

Inclusive no “Papo na Encruza” temos uma série de programas onde entrevistamos os dirigentes praticantes de outras vertentes de Umbanda, para compreender de dentro a ideia que cada um tem do que é a sua Umbanda. Sem julgamentos! (Mas vez ou outra escapa um comentário ácido, nos desculpem).

Justamente por isso convido todos vocês a exercitarem a melhor forma de aprimorar o pensamento de cada um que é se expondo a crítica. A gente nesse processo, em busca de informação, divulgando nosso conhecimento e aprendendo no decorrer disto tudo, ainda tem a oportunidade de testar o nosso ego, nossa vaidade e nosso personalismo.

Tudo isso reforça a reforma íntima que deve ser sempre pautada tanto intelectualmente, quanto moralmente. Então, na próxima vez que alguém lhe disser que não se discute religião, não esmoreça, vá em frente e diga: “Tudo se discute, inclusive religião”.

Douglas Rainho | Escritor do blog Perdido em Pensamento, autor do Livro Conhecendo a Umbanda: Dentro do Terreiro e apresentador do podcast Papo na Encruza. Saiba mais em www.perdido.co e www.paponaencruza.com.


Baixe a a terceira edição da Revista do Leitor Umbandista no site do Umbanda Vale.

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