Na segunda edição da Revista do Leitor Umbandista, eu contribui com o texto a seguir:

Sentado num toco de pau, pensando em como transparecer sabedoria, o médium é observado de longe por seu mentor espiritual. Pai Joaquim, desincorporado e sem conseguir se aproximar, apenas pode chorar pela infeliz decisão que seu cavalo tomou.

A sabedoria do grande protetor não poderá ser mais sentida, e o mesmo não poderá compartilhar as pérolas de sua ancestralidade. Por que?

Simples! O médium deu permissão ao animismo e a mistificação. Dentre tantas coisas que ocorrem dentro de um terreiro de Umbanda, a mais perniciosa delas é a mistificação. O médium dotado de uma vaidade exacerbada passa a permitir que a sua própria personalidade se manifeste a frente das intuições das entidades espirituais. Conclusão? Tristeza para o mentor, tristeza para o consulente e pior, a mais profunda tristeza para o médium.

O animismo, ao contrário da mistificação, nem sempre é depreciativo. Podemos ter manifestações anímicas de grande qualidade, desde que o cavalo ou aparelho mediúnico seja dotado de capacidades morais edificantes e também que seu espírito ancestral tenha angariado profundo conhecimento com o passar das encarnações. Mas isto… É EXCEÇÃO.

O mais comum de ocorrer é de fato uma constatação terrível, existem hoje em dia poucos médiuns de fato! Pode até parecer algo antagônico ao que o próprio Kardec diz em seus escritos, porém devemos contextualizar tudo. Não podemos utilizar palavras escritas e dar a elas um status de lei pétrea e imutável.

Compreendamos então que a mediunidade ostensiva, ou seja, de trabalho ou missão, é rara. Já a mediunidade intuitiva está disponível para todos os seres, justamente por sermos seres espirituais em vivências humanas.

Com a popularização de que “tudo é possível basta ter fé”, encontramos muitos supostos médiuns sendo vampirizados por entidades aproveitadoras, enquanto as verdadeiras entidades – que nem sempre se manifestam de forma incorporada – são afastadas pela nocividade do duplo-etéreo de seu próprio tutelado.

O Pai Joaquim, do exemplo acima, não quer ver seu cavalo sofrendo com a mistificação e nem sequer aberto a manifestações de espíritos igualmente mistificadores. Contudo, apesar de toda sua boa vontade, ele é repelido energeticamente (por vibração e frequência) do campo mediúnico do cavalo.

Grande parte do que se vê hoje nos terreiros provém de uma manifestação da própria consciência ou – em casos mais desagradáveis – da inconsciência do suposto médium. Quando isso ocorre podemos perceber que a qualidade da comunicação diminui, o fetichismo toma conta – em detrimento a qualidade da mensagem –  a simplicidade da Umbanda dá lugar a manifestações emplumadas e estapafúrdias, entre muitas outras coisas.

O grande remédio para esse mal espiritual é com certeza a educação! EDUCAÇÃO ESPIRITUAL! Algo que vai além da educação mediúnica.

Aqui não podemos confundir fazer cursos com educar-se. A Educação é algo mais profundo, algo mais demorado. Fazer um curso lhe trará informações, porém, raciocinar sobre o que foi aprendido, contrapor aquilo com seus pensamentos e adicionar sua vivência, transformará isto em sabedoria e então, teremos a verdadeira Educação.

A Sabedoria do Preto-Velho não se faz apenas pelos escritos, mas acima de tudo pela sua vivência e por sua capacidade de discernir o que é bom, do que é dispensável. Aprenda com o Vovô, aprenda com a Vovó. Saravá!


Veja nosso vídeo sobre o dia 13 de Maio e entenda o que há por trás da data e da função do Preto-Velho

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