Dentro das práticas folclóricas e mágicas, usamos de muitos símbolos que pelo próprio uso, tradição e alguns pela geometria sagrada implícita, possuem grandes poderes e capacidades. A simbologia acompanha a humanidade desde tempos imemoriais. Os próprios homens das cavernas já desenhavam suas caçadas – antes de ser realizadas – como uma forma de sigilização inconsciente, para que a caçada fosse próspera e bem-sucedida.

Com o passar do tempo, o ser humano foi aprendendo a usar a simbologia e os signos para obter melhor resposta de seu processo mágico inconsciente. Assim nasceram diversas tradições que usam sigilizações e também as escritas mágicas simbólicas, principalmente na confecção de talismãs e amuletos.

Os famosos pantáculos encontrados dentro das obras supostamente escritas pelo sábio e mítico Rei Salomão, são exemplos claros de como um símbolo ou conjunto desses pode criar uma atmosfera e servir de chave para acionar aspectos do inconsciente, que no caso ele chamava de inteligências ou Dæmons.

Esse tipo de prática – sigilização – também é encontrado em diversas outras tradições religiosas e mágicas, como nas religiões afro-ameríndias-européias, principalmente Umbanda, Pallos, Maria Lionza, Hoodoo, Voodoo, etc; Além disto podemos encontrar bastante disto nas práticas celtas de bruxaria tradicional e também nas práticas nórdicas.

Dentre vários desses símbolos, que tomaram poder por si só e perderam-se em significado no decorrer das eras, está o símbolo chamado Triquetra, que do latim significa tri – “três”, quetrus – Cantos ou ângulos. Esse símbolo também é conhecido como Nó Triplo.

É um símbolo utilizado por diversas culturas mágicas ao redor do planeta, porém, como dito, muito o seu significado original fora perdido. Parte pela má disseminação da informação, que antes era feita de forma oral e também em parte pela má-compreensão das pessoas envolvidas. Além disso eu colocaria também a má-intenção de algumas pessoas que querem analisar o passado com olhos do presente, principalmente os grandes defensores do Sagrado Feminino, que não compreendem de fato o sagrado feminino (que pode ser cultuado por homens também).

Se você procurar pelos mecanismos de  busca irá deparar-se que o significado desse símbolo é uma representação da Deusa Tríplice: A Donzela, A Mãe e A Anciã. Porém, esse símbolo é na verdade uma representação de uma força tipicamente masculina, ariana, marcial, conhecia como ODIN. O símbolo que Odin possui chama-se Valknut, mas há registros do Triquetra sendo usado pelo mesmo. Para quem compreende a evolução da arte, podemos associar que são o mesmo símbolo com grafias diferentes. O Valknut possui uma grafia mais rígida e reta, provavelmente porque era entalhado em pedras e metais, assim como as runas. O Triquetra possui uma grafia mais cursiva, mas a simbologia presente nos dois é a mesma.

Esse símbolo é muito associado a cultura celta, apesar de que cultura celta e cultura nórdica são diferentes. Inclusive não encontramos só nas regiões que esses povos viviam, mas também em parte do Japão, sob o nome de Musubi Mitsugashiwa, dentre os povos germânicos e até mesmo dentro do cristianismo, principalmente na Irlanda.

Aqui devemos relatar como há a reinterpretação do símbolo, que era originalmente um símbolo de Odin, para representar uma trindade. Esse aspecto de trindade pode ser associado com tudo, desde o mito cristão (Pai, Filho e Espírito Santo) ao mito wiccano (Donzela, Mãe e Anciã). Mas ainda assim, na origem, é um mito nórdico, representando o poder de Odin tanto na Terra, quanto no Céu, quanto no Mar.

A principal atribuição dada a esse símbolo é o de proteção, logo ele é amplamente utilizado em jóias, principalmente colores e anéis. Também pode ser visto representado em cerâmicas e na arquitetura.

Um símbolo deveras interessante e que perdeu seu sentido original, porém, todo operador de magia ou estudante deve procurar a origem dos mitos antes de repetir a exaustão conceitos deturpados. Se ele quiser fazer uma resignificação do símbolo, não há problemas, desde que compreenda as forças envolvidas nesse símbolo em sua origem.

Isso não é só algo perpetrado pelos adoradores do moderno Sagrado Feminino, mas também algo que ocorreu com outro símbolo nórdico, conhecido como Ægishjálmur que para alguns praticantes de Umbanda se tornou ponto riscado de Exu, porém sem qualquer semelhança entre as forças envolvidas.

Compreenda o mito, compreenda o símbolo e haja conforme a sua representação. Quer reinterpretar? Saiba de onde surgiu e faça um trabalho coerente. O sagrado é sagrado mesmo sem cultuadores, não profane algo. Mudar a conotação de algo, sem o menor aprofundamento e compreensão é simplesmente obliterar o conhecimento tradicional. Os novos pagãos reclamam tanto que o Cristianismo usurpou símbolos pagãos e os reinterpretou de qualquer forma, mas acabam fazendo a mesma coisa, todos os dias. Hipocrisia, é esse o nome.

%d blogueiros gostam disto: