Quem nunca ouviu por aí discursos inflamados de pais-de-santos e “sacerdotes” dizendo que se o filho sair de casa, tudo na sua vida irá desmoronar? E quando os mesmos supostos dirigentes dizem que as entidades vão abandonar o médium ou que estarão aprisionadas no terreiro? E aqueles dirigentes que colocam nas costas dos médiuns todas as culpas e desculpas sobre as coisas erradas que ocorrem na casa?

Essa cultura ao terror, um terrorismo de fato, feito no terreiro é algo recorrente desde épocas imemoriais. Não quero me ater as questões básicas da cultura e de como isso foi enraizado no meio espiritualista, principalmente os de influência afro-brasileiras, mas há um “quê” cultural nisso tudo.

Os terreiros em geral seguem um padrão muito próximo do monárquico, como eu já abordei no texto A Hierarquia Dentro do Terreiro. Talvez, venha daí grande parte dessa cultura, mas não é só isso.

Eu analiso as coisas de uma forma diferente, analiso que é uma transferência de responsabilidades. Justamente por essa pirâmide de poderes monárquica, o dirigente deve saber que ELE é o grande responsável por tudo o que ocorre dentro do terreiro. Os médiuns, em sua maioria, também são espíritos em sofrimento, presos na matéria, procurando a sua evolução. Não que o dirigente também não o seja, mas se ele recebeu a MISSÃO de dirigente do ASTRAL, deve ser porque o plano espiritual sabia que ele poderia carregar essa cruz.

Então, deixemos de nos cegar com a luz dos outros e passemos a olhar para nossas trevas interiores. Procurando nos melhorar. Dirigente, tenha consciência de que se sua corrente está fraca, a responsabilidade é sua. Se os médiuns estão animizando, a responsabilidade é sua. Se a casa está obsedada, a responsabilidade é sua.

Temos visto muitas casas caírem completamente, fecharem as portas e alguns dirigentes até mesmo mudarem de religião. O que ocorre é o seguinte, muitas pessoas  se autointitulam sacerdotes de umbanda após fazer um curso express de sacerdócio, com carga horária de 72 horas e se julgam aptos a segurar a onda. Porém, nem sequer possuíam a missão de sacerdócio e nem sequer se prepararam corretamente.

Já abordamos também isso em outros textos: Sacerdócio é um chamado, não é festa  e Eu, Dirigente Espiritual.

Não é questão de criar uma CASTA de pessoas escolhidas, mas sim a questão de serem pessoas preparadas tanto materialmente, quanto espiritualmente, para serem pilares de uma casa. Pois como podemos encontrar em Lucas 12:48

“De todo aquele a quem muito é dado, muito será requerido; e daquele a quem muito é confiado, mais ainda lhe será exigido.”

Finalizando esse artigo deixo claro que ninguém, nem o mais poderoso sacerdote, pode PRENDER suas entidades ou INVALIDAR sua liberdade de escolha, pois quem manda mais é DEUS e ele lhe concedeu essa liberdade. Não deixe-se contaminar pela cultura do terror, porém também não seja um omisso com suas responsabilidades espirituais. Para tudo deve haver equilíbrio, principalmente àqueles chamados a servirem no exército de Jesus, o Oxalá encarnado.

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