Outro dia fui interpelado a respeito do destino de cada espírito após o desencarne. Em uma oratória pró-ateísta foi me perguntado algo semelhante a isso: “O Católico diz uma coisa, o evangélico outra e vocês espíritas dizem outra, onde é que está a certeza? Se eu morrer, supondo que exista algo depois da vida, e ao chegar lá e for o paraíso dos muçulmanos por exemplo?”.

A questão aqui está intrinsecamente ligada ao tema das egrégoras, que já abordamos em outro artigo. Os espíritos se ligam por afinidades, por simpatia e por frequências vibratórias parecidas. Logo um grupo de católicos, através de dogmas por eles seguidos, irá criar em sua mente um Paraíso idealizado próximo do que lhe foi ensinado nas missas e catecismos. Quando desencarnar verá exatamente aquele que ele acredita ser o correto. Estamos falando de um espírito já quite com as suas programações reencarnatórias e existenciais, que não tenha acumulado débitos e afins, como suicidas, homicidas e etc. Apesar da ideia ser semelhante.

Vamos lembrar que o momento do desencarne é geralmente traumático para os espíritos mais afeitos a matéria, logo o mesmo não conseguirá prosseguir o seu encaminhamento para o lugar de merecimento, se for chocado com a verdade espiritual logo depois do desencarne. Por isso ouvimos tantos relatos de espíritos que se entorpecem, só percebendo onde estão depois de passarem longos anos no plano espiritual. Outros, acabam por ter lapsos temporais de anos e se manifestam ainda dentro do lar que antes habitava, no seio da família a lhe perturbar, sem se dar conta da condição que lhe acomete da imaterialidade.

Então, a princípio a Lei Maior determina que cada espírito vá conforme a sua necessidade e o seu merecimento, dentro de seu padrão vibratório. Os suicidas acabam se aglomerando em um local, atraídos geralmente pelos seus pares que tiveram experiências semelhantes, como relatado no livro clássico Memórias de um Suicida, do espírito Camilo Cândido Botelho pela psicografia da médium Yvonne  A. Pereira.

Então, seguindo a mesma lógica, um Católico chegará em um ambiente próximo do que acredita ser o Céu, Purgatório ou Inferno, conforme lhe dita sua consciência. Um Evangélico irá sentir o torpor, como se estivesse em estado de dormência. Um islâmico provavelmente verá suas virgens – formas pensamentos ou mesmo ilusões – o Espírita verá o seu querido Nosso Lar (apesar de ser apenas um dentre muitas das aglomerações de espíritos chamadas de colônias astrais) e assim por diante. Aí abre-se a questão: “E os ateus? Verão o nada?”. Aqui chegamos em um dilema: Será que os ateus permanecem assim diante da continuidade da existência da vida e sua constatação empírica (estão vivenciando aquilo)? Acredito que o choque para o Ateu de perceber que a vida continua é maior que de um Católico sendo acolhido por um Preto-Velho no plano espiritual.

A esses espíritos é dada a condição de torpor, são colocados conforme seus merecimentos juntamente a aqueles que lhe são afins e simpáticos, sendo preparados gradualmente para conceber e aceitar sua nova realidade, tão chocante, pela sua condição de não aceitarem a continuidade da vida e a existência de algo além da matéria.

Os espíritos não permanecem separados eternamente, eles são guiados, acolhidos e instruídos para que enfim possam aprender, tomar consciência e evoluir. Quando estão prontos, passam pro próximo estágio, para um próximo conglomerado de espíritos afins com sua atual condição interior e muitos acabam retornando através do reencarne.

É importante lembrar que a mente constrói os ambientes que experienciaremos no pós-vida. Muito do que ocorre através de sensações na realidade ocorreu apenas na nossa mente. O TODO é Mental, logo ligue os pontos com essa afirmativa. O filme Amor Além da Vida, com o ator Robin Willians, consegue expor isso de forma muito didática para compreensão do leigo ou iniciante.

A maior preocupação se dá quando precisamos aceitar que iremos para onde nós vibramos, ou seja, que quando acordarmos da ilusão da vida material e nos encontrarmos em um lugar de dores e sofrimentos, não poderemos dizer que estamos lá injustamente, pois é isso que nosso íntimo vibra e é para onde nós fomos direcionados por nós mesmos. Somos o juri, juíz e executor de nossa própria situação. Uma recomendação de leitura para entender sobre a condição dos espíritos e o desdobramento de suas ações é o Céu e o Inferno de Allan Kardec, à partir da segunda parte do livro onde são expostos casos que ocorreram na Sociedade de Estudos Espíritas de Paris, narrados pelos mentores e pelos próprios espíritos desencarnados que passaram pela experiência.

Esse é um tema bem complexo, mas que com as palavras acima podem ser mais facilmente digeridas.

 

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