Algumas ideias começaram a rondar minha cabeça depois que recebi a intimação do Douglas para escrever um texto após a inauguração do novo layout (na verdade, isso foi só uma desculpa dele para me cobrar da displicência com relação a rotina de postagens =P), mas após a leitura de mais uma notícia sobre intolerância religiosa, deixei os demais temas de lado para escrever um pouco sobre isso.

E lendo algo desse tipo, várias perguntas surgem em minha mente:

Até quando seremos obrigados a assistir comportamentos desse tipo?
De quem é a culpa?
São os evangélicos intolerantes ou os religiosos em geral?
Existe uma religião mais intolerante que a outra?

Confesso que não tenho resposta para todas elas, e talvez as que eu tenha não agradem a maioria…

A primeira coisa que acredito é que o preconceito NÃO é propriedade de uma religião, mas sim, da ignorância do ser humano. Digo isso porque conheci e conheço devotos destas religiões ditas intolerantes (católicos, evangélicos, protestantes…) de extrema educação e consciência, nada preconceituosos com as práticas e comportamentos alheios, sejam eles quais forem (de crença, sexualidade, etc.) e, do contrário, infelizmente, tive contato com pessoas de religiões ou práticas mágicas ditas “libertárias” cheias de preconceitos, julgamentos e intolerância. Às vezes acaba sendo raso basear o comportamento alheio no estereótipo da religião que a pessoa  pratica, quando na verdade, o problema está é no caráter dela, pois, em seu âmago, nenhuma religião prega a intolerância. É a interpretação equivocada, rasa e preconceituosa de seus princípios que gera aberrações diversas.

Outro ponto importante é que religiosidade (inclui-se aqui praticantes de magia, espiritualistas e membros de fraternidades) não pressupõe caráter, e isso é algo que eu aprendi na decepção dos convívios com pessoas diversas. Novamente, quando lidamos com pessoas, estas reagem de acordo com suas experiências de vida, educação, formação e etc. Não é da noite para o dia que o ser, por se converter a religião X ou entrar para fraternidade Y, torna-se uma pessoa integra, educada e moralmente correta. Isso é constituído durante anos na psique do individuo e leva muito tempo para ser lapidado e reformulado, e dificilmente muda completamente. Eu aprendi que quem se ilude somos nós, em achar que só porque o fulano supostamente professa os princípios de amor fraterno da sua Ordem ou religião que não vai, na primeira oportunidade que tiver, passar a perna em você em uma transação comercial, por exemplo, ou julgar o comportamento ou sexualidade alheios. Afinal de contas, crenças de um lado, interesses de outro (not!).

Mas afinal, de quem é a culpa disso tudo? Eu arrisco a dizer que a culpa é de todos nós que acreditamos que as religiões salvam a vida das pessoas ou transformam totalmente sua moral. Iludimos-nos acreditando que os princípios balizadores de uma crença servirão como roteiro moral para o seu adepto, quando isso apenas acontece em uma ínfima parcela das vezes. Culpados também são os que se utilizam das religiões como ferramenta para conquistar seus objetivos mundanos, profanando o sagrado para proveito próprio, como sacerdotes ou líderes religiosos que utilizam dela para seu sustento financeiro, parlamentares que se baseiam em supostos princípios morais pinçados estrategicamente de um livro sagrado qualquer para sustentar suas posições políticas bizarras, entre diversas artimanhas de aproveitadores que nada possuem de religiosos. Ou então, aqueles que justificam seus comportamentos totalmente distorcidos e amorais no ideário totalmente deturpado de uma ideologia ou filosofia libertária (porém, não libertina!).

Na realidade, as religiões, em minha opinião, são ferramentas de conexão com o sagrado, independente da forma ou expressão que ele possa ter para você, e seu momento de prática deve ser de total entrega para essa conexão. Porém, é preciso deixar claro que é um MOMENTO DE PRÁTICA, e não uma constante, do contrário, inevitavelmente você se tornará um fanático deturpador de seus princípios. Já é muito difícil para nós estarmos entregues 100% a qualquer coisa por mais do que uma hora em um dia, quem dirá todos os dias.

Com relação às questões morais, isso deve acontecer naturalmente conforme a conexão com o seu sagrado acontece. Quanto mais forte for essa conexão (e não necessariamente mais freqüente), maiores serão as chances de você tomar consciência de seus defeitos e trabalhar internamente para transformá-los, e menor será sua necessidade de desqualificar as crenças ou comportamentos alheios.

A verdadeira religiosidade ensina exatamente que ninguém pode ou deve ser salvo, a não ser por si mesmo. Estamos todos sozinhos com nossas consciências, e só nós temos a capacidade de transformá-las. Os verdadeiros religiosos percebem o sagrado que habita no outro, independente de qual crença ele pratique.

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