Allan Kardec escreve em usa codificação:

Só pela superioridade moral se exerce ascendência sobre os Espíritos inferiores. Os Espíritos perversos reconhecem a superioridade dos homens de bem. Entretanto alguém que lhes oponha a vontade enérgica, espécie de força bruta, reagem e muitas vezes são os mais fortes. Alguém tentava dominar assim um Espírito rebelde, aplicando a vontade ,e este lhe respondeu: Deixa-me em paz com esses ares de mata-mouros, que não vales mais do que eu. Que se diria de um ladrão pregando moral a outro ladrão?

Estranha-se que o nome de Deus, invocado contra eles, quase sempre não produza efeito. São Luís explicou a razão na resposta seguinte:

“O nome de Deus só tem influência sobre os Espíritos imperfeitos na boca de quem pode usá-lo com a autoridade das suas próprias virtudes. Na boca de um homem que não tenha nenhuma superioridade moral sobre o Espírito é uma palavra como qualquer outra. Dá-se o mesmo com os objetos sagrados que lhes opõem. A arma terrível é inofensiva em mãos inábeis ou incapazes de usá-la”.

 O Livro dos Médiuns – Capítulo XXV

Justo posto  devemos conscientizar sobre o que é a tal superioridade moral. Muitos, infelizmente, confundem a Superioridade Moral com arrogância e linguajar empolado e inócuo. Essa posição advém principalmente – mas não somente – dos espíritas com alto cunho preconceituoso de outras vertentes espiritualistas.

Realmente, um espírito moralmente inferior irá se submeter ao espírito com a moral mais elevada, que magneticamente destitui o espírito inferior de suas energias e vontades, através de sua aura cheia de eflúvios benéficos que age como um catalisador de todos os arrependimentos e lembranças de culpa do espírito em sofrimento. Porém nem sempre se pode contar com isso, visto que a maioria dos trabalhadores espirituais não é composta de espíritos de Luz elevadíssimos, e sim de espíritos em caráter de evolução, talvez pessoas como eu e você. E sejamos sinceros, qual moral evoluída nós temos?

Nesses casos é onde temos outros espíritos trabalhadores que, por muitas vezes, tem que utilizar de outros artifícios para esgotar o negativismo de um espírito em desequilíbrio. Isso falando de entes que já se encontram em estado avançado de conscientização. Mas, pensemos o que fazer com um espírito altamente inteligente, mas moralmente depravado? Ele não irá nem sequer ouvir as palavras bonitas e benéficas do Evangelho e já tem astúcia suficiente para bloquear magneticamente os eflúvios produzidos pelos espíritos superiores – e nem falamos dos “magos-negros”. Neste caso, precisamos da força e inteligência – e  porque não de manipulação energética – conhecida como magia?

Em verdade, somos ainda muito imperfeitos e não sabemos tudo sobre a espiritualidade. Infelizmente, os anos que Kardec passou na Terra foram poucos para desenvolver e explicar toda a situação do mundo espiritual e seus desdobramentos.

Acredito que a espiritualidade espera que nos harmonizemos novamente, pois destoamos totalmente dos aconselhamentos sábios dos espíritos e esquecemos o básico que o codificador da doutrina espírita deixou: sempre se atualize!

Mas em nossa arrogância, tomados de verdades absolutas dos livros espíritas e de alguns romances, nos arraigamos de prepotência ao afirmar que determinada coisa é inverdade, inferior e desnecessária. É possível que aquele preto-velho singelo seja moralmente mais elevado e evoluído – e com certeza o é – do que um mediador espírita. Mas o seu arquétipo ainda faz ressurgir o preconceito interior que todos temos.

Precisamos entender que a codificação é excelente, mas é uma obra do século XIX, com todo o preconceito da época, ou conhecimento da época na verdade. Sempre percebi que Kardec tentou muito distanciar a sua doutrina da pregação da Igreja Católica, porém quando essa abarcou no Brasil, o inverso ocorreu. Muito do catolicismo e seus dogmas acabaram por se incorporar dentro do espiritismo, criando algo totalmente diferente do original. Chico Xavier, expoente mais conhecido do espiritismo depois de Allan Kardec, em entrevista no Pinga-Fogo já demonstrou o total respeito que se deve a outras religiões, como a Umbanda – pois foi perguntado justamente sobre isso – e do trabalho que ela executa.

Vamos entender que não se chega a um homicida altamente perigoso e falamos abertamente de Jesus, pois ele não irá, simplesmente, se arrepender e mudar. Na verdade ele precisa passar por um processo de reprogramação, esgotando seu negativismo, absorvendo as novas cargas nocivas, afastando os entes trevosos, para só então começar a conscientização através do arrependimento.

Vamos deixar de ser ingênuos e crer que apenas uma conversa irá ajudar, pois se assim o fosse nem o espiritismo seria criado, visto que o mesmo já era feito nas missas dominicais.

Respeito é a base para tudo e na espiritualidade não existe bandeira religiosa, quem cria essas divisões somos nós.

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