A coisa mais comum é um consulente dar preferência a certa entidade que já tenha familiaridade, ainda mais se ela trouxer um nome na qual o consulente já tenha confiança. Porém, essa questão de nome das entidades, também traz algumas dúvidas básicas, pois como pode um Caboclo Arranca-Toco estar incorporado aqui e em outro terreiro? Ou ainda pior, como pode no mesmo terreiro ter dois Caboclos Arranca-Toco trabalhando juntos?

A resposta para essas perguntas é simples: É porque são entidades diferentes que se utilizam do mesmo nome!

A ideia pode parecer óbvia para quem já frequenta o terreiro há muito tempo, porém o mesmo não é verdadeiro quando se tratam dos inciantes. Os guias espirituais se utilizam na verdade de nomes simbólicos, que representam a sua falange e linha de atuação. No caso do caboclo do exemplo ele é um, entre muitos, caboclos Arranca-Toco. São espíritos que têm afinidade com o caboclo Arranca-Toco original, que pode até ser mesmo um ser encantado – um espírito que pode nunca ter vivenciado uma existência humana. Na verdade, o Caboclo Arranca-Toco que incorpora no médium João, pode ter sido André em uma vida, e o Caboclo Arranca-Toco que incorpora no médium José, pode ter sido Sebastião, mas quando tomados pelo arquétipo da sua linha de atuação, tomam para si os trejeitos e a forma de agir do Caboclo Arranca-Toco original, que seria o sustentador dessas entidades com esse mesmo nome. Mas mesmo assim, algumas particularidades fazem com que as manifestações sejam próximas, similares, mas nunca idênticas. Isso se deve ao que é comumente conhecido como terceira energia.

 Os nomes, em alguns casos, podem ser interpretados, trazendo assim uma maior compreensão sobre as linhas de atuação, Orixás e forças que regem aquele espírito-guia. Por exemplo, o Orixá patrono da linha dos Caboclos é Oxóssi, independente para qual linha que o Caboclo trabalhe, Oxóssi sempre será seu sustentador. Prosseguindo no nome temos o Arranca e Toco, Arranca pode ser considerado como uma chave para a energia de Ogum, pelo gesto de força que representa essa palavra e Toco é o que restou de uma árvore morta, podendo ser atribuído a Omulu. Logo esse caboclo é apadrinhado por Oxóssi em sua linha, ainda sendo um caboclo de Ogum e Omulu, militando nessas forças. Assim dizemos que é um Caboclo de Oxóssi cruzado com Ogum e Omulu, apesar de que na Umbanda Tradicional apenas Oxóssi, Ogum e Xangô, arregimentam caboclos. Ogum é a Ordem e Lei, Omulu pode ser considerado o paralisador, transmutador, desmagnetizador e outras coisas mais. Então podemos ter que esse caboclo traz em seus atributos combater a paralisação através da ordem e também atuar trazendo a ordem para seres que se encontram paralisado em suas negatividades. Poderíamos desdobrar mais e mais ainda, falando que ele é um caboclo que traria a paralisação dos seres negativados de forma ordeira e de acordo com a lei, porém em alguns casos com ímpetos de força.

Mas, essa não é uma ciência exata, devido a algumas entidades militarem em mais forças do que simbolizam seus nomes, pois eles podem optar por ocultar alguns atributos, que muitas vezes acabam sendo representados em seus pontos riscados; ou então podem se utilizar de nomes simbólicos mas fechados. Como Pai Joaquim de Angola. Não dá pra determinar as forças que Pai Joaquim trabalha só pelo seu nome. Nesses casos devemos nos atentar para a simbologia em seus pontos riscados ou, melhor até, perguntar para a própria entidade.

O estudo detido do nome da entidade, sua linha de atuação, seu ponto riscado, entre outros traz para o estudante – como todo médium deveria ser – uma maior assertividade nos trabalhos.

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